top of page
  • Foto do escritorVera Felicidade

O gestaltismo é um humanismo


- por Rosane Santana -

Lançamento do livro Terra e Ouro são Iguais


Perceber é relacionar-se, é conhecer, diz Vera Felicidade em seu quinto livro Terra e Ouro são Iguais, a ser lançado, amanhã, na Grandes Autores


O quinto livro da psicóloga Vera Felicidade de Almeida Campos, 50 anos, Terra e Ouro São Iguais - Percepção em Psicoterapia Gestaltista, que será lançado amanhã, à partir das 18 horas, na Livraria Grandes Autores, vem consolidar a posição de vanguarda da autora no estudo do comportamento humano. Partindo do conceito de que o indivíduo é sujeito e é objeto a depender do contexto estruturante de sua percepção, Vera instaura, mais uma vez, uma visão unitária na Psicologia.



"Na psicoterapia gestaltista, o todo é uma configuração relacional, estruturada e estruturante. Psicologicamente, a unidade - essência humana - configura os polos de sujeito e objeto, ou seja, ser sujeito ou ser objeto é resultante de ser humano. Em psicoterapia é fundamental abolir categorias arbitrárias, didáticas, de subjetivo e objetivo, porque elas camuflam a essência", afirma a psicóloga.


CONHECER


Perceber é relacionar-se, é conhecer. Nesta abordagem, os clássicos conceitos de mente, sensação, intelecto e espírito, tornam-se desnecessários. Da mesma forma, os dualismos freqüentes, não só na Psicologia, mas também na Filosofia, como subjetivo/objetivo, realidade interna/realidade externa, são abolidos e globalizados, na medida em que é o relacionamento que permite a polarização dinâmica ora em sujeito, ora em objeto.


O livro mostra o desenvolvimento dos processos perceptivos que levaram a autora a globalizar a essência humana polarizada como sujeito e objeto, assim como a afirmar, sem hierarquias e sem conotações valorativas, que o nível existencial e o nível de sobrevivência são intrínsecos ao ser humano. Os problemas surgem dos posicionamentos, quando, por exemplo, a vivência existencial é instrumentalizada como estratégia de sobrevivência, afastanto-se de uma atitude de deslizamento e dedicação.


COMPETIÇAO


A busca de valores socialmente reconhecidos gera a luta pela sobrevivência, a competição, o querer satisfazer os desejos e a alienação em relação ao outro e ao mundo. Quando o homem transcende esses posicionamentos, ao mergulhar no presente, ele abre mão dos resultados e da atitude de avaliação do sobrevivente.

"É o fazer por fazer, é a substituição da atitude de avaliação pela de dedicação, é o deslizamento, o encontro com tudo que está sendo percebido. O contexto da percepção não é mais o do sujeito nem o do objeto: o indivíduo, enquanto sujeito ou objeto é ultrapassado. A fusão com o percebido e o contexto da minha percepção passa a ser a própria percepção. É a vivência contemplativa na qual eu sou o objeto contemplado - viro o outro, viro o sol, viro a lua, viro a árvore, viro os girassóis de Van Gogh".


DUALISMO


Normalmente se fala em vivência subjetiva, interiorização, mundo interior, referindo-se às sensações, sentimentos, emoções, pensamento, enfim, aos acontecimentos psicológicos, como se houvesse dois mundos: o interno, subjetivo; e o físico, externo, objetivo. As experiências espiritualistas, por exemplo, tão em moda, seriam experiências do mundo interior, de um mundo mágico, desconhecido, abordado através de simbolos, interpretações, poderes mágico-sobrenaturais, rituais, drogas.

Para Vera Felicidade, essas divisões, esses dualismos são absurdos. Vivenciar é perceber e perceber é relacionar-se. Quando o sujeito e o objeto são ultrapassados, não existe passado, não existe futuro, não existem referenciais, não existem significados. Esse momento de pausa, de unidade, de explicitação da essência humana, pode ser entendido como espiritualidade pela Psicoterapia Gestaltista.


As crises são também as possibilidades de transformação: "Cada ser humano que se deprime, se questiona, sofre, se nega e se angustia tem condição de mudar e perceber ter vivido atrás de metas, tentando galgar posições, afirmar-se socialmente", comenta a psicóloga.


Terra e Ouro são Iguais - Percepção em Psicoterapia Gestaltista não é um livro apenas para psicólogos ou estudantes de Psicologia. É um livro para todos aqueles interessados em resgatar a qualidade de vida e a dignidade do existir, num mundo que, segundo a autora, chegou a um limite: "Vivemos um momento de exaustão, as formas clássicas de sobrevivência já não permitem sobreviver".


----------------------

- Vera Felicidade de Almeida Campos é baiana, formada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundamentou-se na Fenomenologia de Husserl, no Materialismo Dialético e na Gestalt alemã para criar um método psicoterápico próprio, dedicando-se há 24 anos à Psicologia Clínica e ao desenvolvimento do estudo da percepção humana. É autora de diversos livros: Psicoterapia Gestaltista - Conceituacões (1973), Mudança e Psicoterapia Gestaltista (1978), Individualidade, Questionamento e Psicoterapia Gestaltista (1983) e Relacionamento Trajetória do Humano (1988)

41 visualizações
bottom of page